terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Feminismo e doenças mentais

   Depressão, síndrome do pânico, TOC, anorexia, crises de ansiedade...  ou você tem um desses ou tem uma amiga feminista que tenha. Nada mais do que esperado, afinal estamos sempre expostas a muita violência. Temos que lidar não só com a que nos atinge diretamente como também com a que fere outras mulheres.
     Presenciar diariamente tanto horror, ler sobre, ver fotos, vídeos etc deixa as pessoas mais suscetíveis a recaídas nesses problemas psicológicos e psiquiátricos. Porém, "eu tenho problema de saúde mental X e você está piorando isso" vem sendo indevidamente usado para interromper discussões quando a outra está ganhando na argumentação. E isso é desonesto.
     Depressão ou ansiedade não são meramente um incômodo que se sente quando se é contrariada. Quem usa isso cada vez que a discussão não caminha em seu favor está abusando da empatia alheia. Se não tem a doença em questão, está sendo grosseira com quem tem. Se tem, mas não está apresentando sintomas naquele momento e mente a respeito, está usando a doença para comover de uma maneira tal que fica mais difícil de tratar. Afinal, acabamos aprendendo que essa doença também pode ser usada de escudo, ficando mais duro superá-la.
     É difícil mesmo achar o limite. Eu, por exemplo, tive depressão e já me aconteceu de achar que era uma recaída, quando foi só um alarme falso. Pode mesmo acontecer em momentos estressantes como uma discussão acalorada, mas há diferença entre engano e má fé e essa última tem se repetido há algum tempo.
     Tratar os problemas de saúde psicológica e mental com seriedade é necessário para nossas próprias curas e para fazermos um movimento sem chantagens emocionais. Com respeito umas pelas outras.