Depressão, síndrome do pânico, TOC, anorexia, crises de ansiedade... ou você tem um desses ou tem uma amiga feminista que tenha. Nada mais do que esperado, afinal estamos sempre expostas a muita violência. Temos que lidar não só com a que nos atinge diretamente como também com a que fere outras mulheres.
Presenciar diariamente tanto horror, ler sobre, ver fotos, vídeos etc deixa as pessoas mais suscetíveis a recaídas nesses problemas psicológicos e psiquiátricos. Porém, "eu tenho problema de saúde mental X e você está piorando isso" vem sendo indevidamente usado para interromper discussões quando a outra está ganhando na argumentação. E isso é desonesto.
Depressão ou ansiedade não são meramente um incômodo que se sente quando se é contrariada. Quem usa isso cada vez que a discussão não caminha em seu favor está abusando da empatia alheia. Se não tem a doença em questão, está sendo grosseira com quem tem. Se tem, mas não está apresentando sintomas naquele momento e mente a respeito, está usando a doença para comover de uma maneira tal que fica mais difícil de tratar. Afinal, acabamos aprendendo que essa doença também pode ser usada de escudo, ficando mais duro superá-la.
É difícil mesmo achar o limite. Eu, por exemplo, tive depressão e já me aconteceu de achar que era uma recaída, quando foi só um alarme falso. Pode mesmo acontecer em momentos estressantes como uma discussão acalorada, mas há diferença entre engano e má fé e essa última tem se repetido há algum tempo.
Tratar os problemas de saúde psicológica e mental com seriedade é necessário para nossas próprias curas e para fazermos um movimento sem chantagens emocionais. Com respeito umas pelas outras.